O texto mostra os pontos essenciais para ensinar e aprender na alfabetização referente a leitura e a escrita e destaca os tópicos fundamentais para isso. Apresenta também um roteiro metodológico e traz as noções linguísticas mais importantes para se entender os mecanismos de produção da leitura e da escrita.
Quando chega na escola, a criança já tem experiência como ouvinte e falante da lígua, adquirida no convívio com a família. Na verdade, esse processo de aquisição da linguagem é muito complexo. Os sons de uma palavra isolada não passam de simples sons, porém, a língua não é feita de sons de palavras isoladas, mas de estruturas que juntam ideias e sons, formando palavras, frases, textos etc.
Devido a essas características da língua as crianças inicialmente aprendem mais a ouvir do que a falar, havendo o equilíbrio somente após certa idade. Assim, a adaptação das crianças ao modelo escolar não acontece de uma hora para outra, uma vez que a aquisição dessas habilidades ocorre num contexto diferente do que se dá a aquisição da linguagem quando a criança aprende a falar. Além disso, a escola tira o ambiente natural do uso da linguagem e o coloca num contexto artificial onde a linguagem é avaliada o tempo inteiro e não é usada apenas para a comunicação, o que pode levar a criança a duvidar das habilidades linguísticas que já adquiriu.
Conforme a criança aprende a falar, sua habilidade linguística passa a se identificar com o modo de falar das pessoas que convive. Essa variação linguística não mostra nenhum erro, mas somente que pessoas diferentes podem ter modos diferentes de usar a mesma língua. Dessa forma, o professor precisa primeiramente entender porque as crianças falam de determinado modo, em seguida, deve respeitar esse modo de falar e ajudá-las a entender porque falam assim e explicar o que a escola espera delas, pois apesar do professor ter que aceitar e respeitar o modo de falar dos alunos, é também obrigação da escola ensinar a língua padrão, que deve sempre ser usada pelo professor, além do treino com os alunos para usá-lo. sobretudo nas leituras.
A adaptação dos alunos a língua padrão requer alguns anos. Inicialmente, deve-se concentrar na leitura e nas atividades em sala de aula. Essas diferenças na língua se refletem também na escrita. Por isso, acertar a ortografia é muito mais difícil para alguns alunos. Porém, ao corrigir esses erros, os alunos aprendem como se fala, na língua padrão. Portanto, o professor deve desde o início incentivar os alunos a procurar a escrita ortográfica correta.
Segundo o texto, ser alfabetizado é saber ler por iniciativa própria e escrever é consequência de saber ler. Ainda segundo o texto, letrado é o sujeito que independente de ter ido a escola e aprendido a ler e escrever, use ou compreenda certas estratégias próprias de uma cultura letrada, já a alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação. Para ensinar a ler, é preciso saber os mecanismos e conhecimentos necessários para decifrar e traduzir o escrito em linguagem oral.
A alfabetização e o letramento são processos que caminham juntos. Uma vez que hoje a sociedade é centrada na escrita, não basta ao indivíduo ser simplesmente alfabetizado, faz-se necessário que o mesmo seja também letrado para que possa exercer as práticas sociais de leitura e escrita nessa sociedade.
Ao contrário dos países de primeiro mundo, no Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se confundem como podemos ver nos censos demográficos, na mídia e na produção acadêmica. Provavelmente a palavra letramento surgiu devido ao não uso da palavra alfabetismo. Já que o seu contrário, analfabetismo é familiar para nós. Ou seja, conhecemos bem a condição de anlfabeto, mas só agora o seu oposto tornou-se importante, uma vez que passamos atualmente a enfrentar uma nova realidade social, onde ler e escrever se faz necessário, além de responder as exigências de leitura e escrita da sociedade.
No Brasil, a alteração do critério utilizado em levantamentos censitários contribuiu para o seu surgimento, processo que vem sofrendo alterações, uma vez que se deixou de lado a simples verificação da capacidade de codificar e decodificar o nome e passou a verificação da capacidade de usar a leitura e a escrita para uma prática social. Em contrapartida, nos países desenvolvidos, o que interessa é a avaliação do nível de letramento da população e não o índice de alfabetização.
Na etapa inicial, a escola deve ajudar o aluno na apropriação da escrita alfabética e informatizar o seu uso. O professor deve fornecer ferramentas para a construção do processo de aprendizagem da leitura e da escrita do aluno.
Concluimos assim que hoje os alunos precisam de uma aprendizagem com foco em alfabetizar letrando, ou seja, que não só os oriente na aprendizagem da leitura e da escrita como o leve a conviver com práticas reais de leitura e escrita.